┼ Firmament of Heaven - Tess and Aria Missions ┼

Passava por bares e comércios, era onde provavelmente eu encontraria um trabalho para fazer. Minha vida como uma andarilha é sempre assim. Normalmente sempre há alguns panfletos de missões pregados em quadro de avisos, que quase sempre ficam espalhados por alguns cantos das praças, assim como nos comércios. Esses vendedores sempre possuem algum tipo de trabalho.
É perturbador os sons ininterruptos dos quatro cantos da cidade. Carruagens, vendas, bares, crianças brincando dentre tantos outros fatores que tornam todas as ruas um mar importuno para o silêncio. Cheguei à uma loja, e nela caminhei em direção ao recepcionista.
── Olá, com licença. Por acaso, você sabe de algum trabalho que esteja disponível? ── Perguntei.
O homem me olhou gentilmente, puxou um adornado panfleto, entregou em minhas mãos, logo dizendo:
── Bem, você já deve estar sabendo do baile que Magnólia sediará. Pois bem, eles estão recrutando voluntários para ajudarem na segurança do evento. Estão dando uma razoável recompensa.
── Ah, muito obrigada. ── Respondi pegando o panfleto e me dirigindo para a saída.
── Ei, só lembrando que é uma missão coletiva. É só uma dica para que procure alguns aliados, é melhor trabalhar em grupo. ── Foi simpático, mas isso não servia para mim.
── Eu trabalho sozinha. ── Friamente disse, já de costas atravessando o portal da porta.

Estava começando a chuviscar quando eu decidi por novamente os pés na rua. Incrivelmente, eu iria comprar um vestido. É realmente um fato admirável, porém era preciso. Eu não seria uma simples guarda, mas sim uma agente infiltrada. Se misturar no evento, fingindo ser uma convidada, essa era minha real função. Pensei em desistir quando fui perceber isso, mas já tinha aceitado a missão, e um evento desses não será barulhento como o cotidiano das ruas da cidade.
As lojas esbanjavam vestidos de todos os tipos em suas vitrines. Sem nem ao menos por o primeiro pé para dentro de uma dos estabelecimentos, sou subitamente abordada por um de seus vendedores.
Não demorei muito para escolher meu vestido, apesar do vendedor querer me empurrar tantos outros. Se trata de um belo vestido de tonalidades cor de rosa, babados e imitações de rosas fazem parte de sua composição e ornamentação. É longo o bastante para esconder minhas espadas por debaixo de seus panos. Vestido comprado, agora era voltar para casa, por sorte não estava chovendo ── não gostaria de ter o desprazer de molhar essa roupa.
No dia seguinte, de noite, iria para o baile, minutos antes de seu começo.

Roupa: Aqui!

Entediante: era como a festa estava. Nenhum sinal de ameaça, apenas a socialização da Elite de Magnólia. Porém devo admitir que se trata de uma belíssima festa, o que já era de se esperar; estavam todos de máscara, inclusive eu.
Enquanto todos se divertiam festejando, brindando e conversando, meu corpo é recostado em uma gélida pilastra. Assim, de "camarote", assisto tudo e todos, esperando qualquer sinal, qualquer alerta, que fizesse ser necessário o uso de minha investida.
── Ei, suponho que seja a maga contratada para essa missão... Bem, vamos trabalhar juntas, ok? Conto com você. ── Quê?
Olho de soslaio para a garota que aparecera subitamente à meu lado. Um cabelo exageradamente longo, de cor incomum ── como se eu tivesse mando para opinar sobre isso ──, sendo um tom túrbido: um degradê do azul ao verde. Contudo, sua aparência era irrelevante, o que me intriga não é seu formoso vestido, nem seu sublime cabelo, e sim o que ela acabara de dizer. Como assim iremos trabalhar juntas? Eu nem ao menos a conheço. Essa garota deve ter caído de sua majestosa carruagem e tombado sobre o esplendoroso meio fio da magnífica calçada deste grandioso baile, e assim deve ter conturbado suas capacidades mentais. É a explicação mais plausível para justificar o que essa garota teve a me dizer.
Ela se desvia correndo atrás do garçom que servia bebidas. Olha só, será que temos outro motivo? Achei que em bailes desse nível teria um certo controle do consumo de álcool, pois se preocupam tanto com a aparência, imagino que ninguém irá querer uma manchete deste modo nos jornais, que de certo percorreriam grande parte do reino. Mas, não tenho o porquê de duvidar, essa garota demonstra claramente o que o efeito deste elemento pode causar sobre um ser humano: perda da sanidade mental.
── Olha ── começo a dizer para a garota, ── não sei o que está se passando, mas... ── de repente um grito:
── Ahhhhhhhhhhhhhhhh!!! ── De forma bastante afinada, uma mulher berra, de imediato atraindo a atenção de todos no salão.
Entro em estado de alerta, e posso perceber que a garota de aprontava da mesma forma. Automaticamente minhas articulações se aqueciam, era o pressentimento da batalha. A mulher estava sendo feita de refém; um homem de terno negro a segurava pelo pescoço por trás, e não é possível ver seu rosto, pois assim como todos ele está usando uma máscara.
Tomo frente, indo em sua direção, exclamando:
── Solte-a!
Todos se afastaram de mim, formando um vão em formato circular, me deixando em seu centro, ninguém ali teria coragem de ser o cúmplice de uma perturbada. Apenas aquela garota se mantinha em sua posição, estando a meu lado, o que não seria surpresa. Porém, não importa, é até melhor, assim não preciso medir tanto o espaço para decapitar aquele homem, caso preciso.
── Hahaha! ── Ele ri sarcasticamente. ── Então você deve ser a contratada para proteger o baile, não? Hum. Eu estava preparado para isso. Um só não será problema!
Sincronizados com sua última fala, os que obviamente eram seus capangas, começaram a surgir um a um da plateia para o espetáculo. Homens trajados de terno, em um total de dez, antes misturados com os demais, agora dentro do círculo. Não pareciam possuir magia, porém, esbanjavam espécies distintas de armamentos ── talvez sejam armas mágicas.
Um destes, o qual segurava um tipo de bastão, avança em minha direção.
── Sabe, 10 capangas, é uma grande desvantagem... ── Digo calmamente, enquanto o garoto correria em minha direção.
Conforme se aproximara, apenas por reflexo, vejo seu claro movimento: tentara acertar-me um golpe na cabeça usando de seu bastão, o que parecia a emanar um brilho, adquirindo uma coloração azul.
Inclinei meu corpo para trás, centímetros antes de seu bastão atingir-me; agachei-me rapidamente, estendendo minha perna e girando. Um piscar de olhos: agora o impostor se encontrara no chão.
── ... Para você. ── Completo a frase, pisando sobre o peito do caído com meu salto. Olhando friamente para o mandante.

Roupa: Aqui!

A plateia foi ao delírio. E aquele homem continuava fazendo aquela pobre mulher de refém. Pelo visto precisarei fazer uma intervenção maior.
── Eu também vou ajudar! ── Olhei para a garota, que logo atraiu a atenção de todos do salão. Então ela pensa mesmo em atacar?
Só o que faltava, essa inepta vai se intrometer ainda mais em minha missão, como se já não bastasse estar bêbada. Sinceramente não sei o que possa estar se passando pela cabeça dela, o álcool já deve ter afetado por completo sua mente. Mesmo assim, a vida é cheia de surpresas, quem sabe essa garota não possa ser uma? Não posso duvidar de nada. Apenas me mantenho vendo atentamente o que ela faria.
Quando fora se mover, estupidamente tropeçou na barra da saia de seu próprio vestido, a levando ao chão, juntamente com a taça que tinha em mão ── talvez o motivo disso ── , a qual fora quebrada em som estridente ao se colidir com o solo. Fico surpresa como ela ainda pensa em se defender. Agora, murmúrios eram ditos pela a garota, que impaciente com suas vestes, em um ato surpreendente, rasga seu majestoso vestido. Ela parece ser determinada com suas ações, será interessante ver isso. As pessoas se surpreendem com seu inusitado ato, enquanto me surpreendo pela determinação da garota: ela quer mesmo lutar.
A estulta insinua seu próprio ataque, persuadindo três capangas a lhe atacar. Não parece algo muito esperto de se fazer. Agora, os três corriam em sua direção, ambos portando o mesmo tipo de arma: uma espada, de brilho semelhante ao do bastão do que eu acabara de enfrentar.
Ela se posiciona parecendo estar prendendo sua respiração, seguidamente enchendo suas bochechas com ar. Seria uma posição de ataque? Posso sentir um poder sendo emanado da garota. Um poder forte, seria uma espécie de magia que eu estaria prestes a presenciar.
Espero para ver o que faria, estaria faltando cerca de um metro para que os homens lhe alcançassem.
── Tenryū no Hōkō! ── Ela rugi, e de seu rugido, um grande tornado azulado de brilho celeste se origina.
Em posição horizontal, aquela massa de poder cintilante acertar os três homens, os lançando para longe, de uma só vez. É, a garota possui poder, e não parece ser fraca. Porém, estes capangas não servem como parâmetro de poder. Logo eu não posso tirar conclusões precipitadas de suas capacidades em combate, visto que suas capacidades mentais não parecem se desenvolver de maneira adequada.
── Ah sim, ainda não acabei. Porque... Que noite é realmente alegre, sem acabar em loucura? ── A garota diz, de maneira animada.
A menina retira um par de sai-adagas, antes presas em suas coxas por uma espécie de cinto. De seu lado mais próximo, haviam dois capangas. Dirigindo seu olhar para eles, os quais seguravam suas respectivas armas: uma clave e um machado. A garota corre em direção aos dois, que conforme sua aproximação se preparavam para sua afronta. Faltando centímetros para a colisão, a garota se lança no chão, usando de seu impulso para deslizar sobre o solo, e com suas armas cortando as pernas dos dois capangas. Enquanto os dois antes preparados para um contra-ataque, se veem sendo nocauteados pela pequena de cabelo incomum. Rapidamente, a garota se levanta batendo na nuca dos dois com suas sais, os inconscientizando.
Com os dois caídos em sua frente, a garota guarda suas armas, olhando para mim e sorrindo. Sinalizando com dois dedos de sua mão, ela fala:
── Confio esses 5 a você, Hehe. ── Desprezei suas palavras, friamente virando o rosto para a direção dos demais capangas.
Ela pode ser um pouco boa no combate, mas suas habilidades não me interessam. Afinal, o que ela está fazendo nessa missão?
Sem delongas, outros três capangas vinham em minha direção. Parecem não ter medo, os dois se mantinham determinados em reverter a situação do combate. Ambos armados, como os outros, porém, não fiz questão de saber quais eram suas armas, pois acabariam com o mesmo fim. Com minha mão direita, puxo a saia de meu vestido, até o ponto de descobrir minhas três espadas ── havia guardado-as por debaixo de meu vestido. Seguro firmemente o punho de minha Wakizashi, logo fazendo uso de meu poder mágico para fortificar minhas três armas, para assim permitir-me o uso de minha habilidade de combate: Ōzora no Sutairu. Flexiono meus joelhos, preparando-me para meus movimentos, esperado a aproximação dos três homens. Suspiro descarregando minha tensão corporal.
À cerca de dois metros de distância para o confronto, subitamente desloco a espada, sem desembainha-la. Em seguida, rodopio, de forma a usar meu giro como ferramenta de combate: para o deslize da lâmina de minha wakizashi formar um aro no ar, me tornando epicentro desse círculo lâminado. Devido a velocidade e a surpresa, os homens foram incapacitados de reagirem contra minha ofensa. O deslizar da wakizashi sobre o ar tornou aqueles três homens o mais novo centro das atenções de todo o show. Tanto suas armas, quanto seu corpos, sofreram o mesmo fim: foram partidos ao meio. E eu, após o giro, voltei para minha posição de início. O corte fora tão intenso, que fora capaz de recortar o meu próprio vestido, deixando-me em situação semelhante a da garota, isto é, com a roupa rasgada até pouco acima do joelho.
Gritos podiam ser ouvidos de todo os cantos do enorme salão. Agora seu magnífico tapete vermelho fora banhado por sua própria cor em tom vivo.
Enquanto todos se esbaldavam com aquele terror, continuo da mesma forma: sem expressão. Porém, admito ter sentimentos, mesmo agindo de forma tão fria, pois quando se trata de humanos insolentes como esses, não tenho piedade, não posso ter. Minha história não me permite sorrir, apenas procurar alguma justiça nesse mundo. E enquanto eu não acha-la, eu serei a justiça por onde eu passar.
Subitamente olho para o último dos capangas daquele círculo. Pude ver o medo em seus olhos. Este, tinha consigo uma espada de lâmina dubla, cujas lâminas obtêm aquele nítido brilho. Admito que tenho uma certa curiosidade para saber o que fazem as armas desses homens, qual a função desse brilho sendo emanado; mas se são tão fracos para caírem em um golpe, suas armas não devem fazer algo além de soltar algo clichê.
De vagar, começo a andar em linha reta em direção ao homem, com as mãos baixas. Minha wakizashi tendo sua ponta sendo arrastada pelo chão, a qual mesmo embainhada conseguia traçar uma linha reta sobre o tabele vermelho, o cortando com perfeição. Posso sentir o medo sendo implantado na alma daquele sujeito a cada passo meu, gradualmente sendo levado por fortes emoções. Continuei me aproximando, chegando à cerca de centímetros de distância do homem. Dessa distância consigo ouvir o ofegar de sua respiração, e o suspirar de seu corpo.
── Você não merece viver. ── Sussurrei em seu ouvido.
Podia sentir sua ofegante respiração, e o tremular de seu corpo. Em um piscar, ergui minha espada. A Wakizashi, mesmo embainhada, atravessou o corpo do homem, traçando uma linha reta em seu eixo, partindo sua coluna em duas partes, como também todo o seu corpo, como se não passasse de uma simples e frágil folha de papel.
Gritos podiam ser ouvidos de todos, e eu continuo sem expressão, sentindo aqueles cálidos respingos de sangue em meu rosto e meu vestido.
Em seguida, viro em direção a garota, olhando em seus olhos.
── Vamos lá, faça as honras. ── Dou um cínico sorriso de canto, estendendo a mão desocupada para o último homem.

Roupa: Aqui!