O início de uma nova era

Dia 5 de outubro, Hargeon, o clima parecia agradável, apesar de nuvens que, aparentemente, indicavam chuva. Já se passaram alguns anos desde o ocorrido na Ilha Galuna, e não seria fácil esquecer aquilo, pra falar a verdade, eu não tinha interesse algum em perder as poucas memórias que me restaram da época em que eu tinha uma vida. Aqueles malditos magos, rindo em suas guildas, comemorando na taberna, vivendo sua vida alegremente, ignorando a existência de seres inferiores como nós, pessoas assim... Não haverá perdão para elas!
As pessoas vão e vem, conversam, ignoram, caminham, param, cada vez mais humanos passam por mim, nem consigo imaginar que minha mãe fizesse parte de uma raça tão... Inútil, quanto esta. O jeito como eles ignoravam minha existência me fazia sentir vontade de matar todos, ali, agora, mas como dizem, a vingança é um prato que se come frio, então, antes de agir, eu precisava esperar.
Dia 5 de outubro, Hargeon, como eu imaginava, começou a chover. Os humanos que ali viviam corriam feito uns desesperados, parecia que era fogo ao invés de água que do céu caia, realmente, esta raça é lamentável. Seguindo para fora de Hargeon, eu ao menos me vejo livre da presença daqueles seres deploráveis, pelo menos por enquanto.
Dia 6 de outubro, Rota Sul de Hargeon, eu me via em uma situação incomum, onde, pela primeira vez em toda minha vida, meu estômago carecia de comida. Eu sempre fui bem alimentado por meus pais, mas por causa de seres que eu nem gosto de citar o nome, eles não estavam mais comigo há muito tempo, e isso queria dizer que eu precisava me virar se quisesse comer alguma coisa. Não era a primeira vez que eu precisava procurar por comida, até porque eu vivo sozinha há 8 anos, porém desta vez eu precisava especificamente de alguma proteína, pois meu corpo de demônio já passou mais tempo do que devia sem ingerir nenhum tipo destas. Ao caminho rota à dentro, eu consigo chegar ao final, sem nem perceber de que tinha entrado.
Dia 8 de outubro, lugar totalmente desconhecido. Depois de muita caminhada, eu já tinha bolado o plano perfeito. Os humanos criam guildas legalizadas pelo conselho para fazer o que bem entender, certo? Então eu criarei a minha própria guilda para fazer o que bem entender também, porém eu não necessito da permissão de ninguém para fazê-lo, apenas de meu próprio esforço.
Foram dias e noites de trabalho seguidos, mas com a resistência herdada de meu pai, a determinação herdada de minha mãe e a magia de distorção aprendida por mim, eu finalmente havia terminado meu trabalho.
Dia 22 de outubro, a noite estava linda, as estrelas lembravam minha mãe, brilhando no meio de uma imensidão azul, e as nuvens lembravam meu pai, protegendo o brilho das estrelas a todo custo.
Minha guilda estava pronta, e a partir de agora eu tinha um lugar para viver, e este lugar se chamará Raven Tail, pois assim como os corvos, que agem pela noite e precisam sobreviver das carcaças dos mais fortes, eu iria passar por cima destes, e provar que mesmo os inferiores um dia podem alcançar vocês.

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